Mais um dia. Como de costume, deito de costas no colchão, rolando a tela de todos os aplicativos. Em volta a escuridão, mesmo com o dia estralando lá fora.
Paro um momento. Mais uma foto que me leva pra um outro mundo. Like. Salvar.
O que tem demais nessa foto é algo que não posso ter: sol. Acordar com a luz entrando pela janela. Um caminho ladeado de plantas. Cores.
Faz um tempo que tenho fixação com casas. Virou tema recorrente na minha vida: me pego desejando tudo que tem casa no meio, seja um colar, uma ilustração, tudo que eu compro “para quando tiver uma casa”. Mas o tempo está passando e essa casa não vem.
Dizem que ter um teto que cubra sua cabeça é uma sorte. A minha sorte foi ter uma caverna sobre a minha cabeça.
Foi só depois de algum tempo que me dei conta de que ia criando meu acervo particular de casas onde eu viveria, às vezes tirando fotos, as vezes andando por alguma rua e olhando atentamente todas as residências enfileiradas. Devo ter passado por olheira de ladrão muitas vezes, quando na minha cabeça só me perguntava “eu moraria nessa casa? teria uma casa assim?”.
Virei analista das casas que nunca terei.
Cada sonho meu mora em uma delas. Imagino a vida perfeita que viveria ali, em paz, cuidando dos meus cachorros, enchendo de quadros e plantas.
No meio tempo persigo o sol, cada frestinha, cada foto, como se pudesse prender um raio num vidro e soltar no meu lugar perfeito de morar, cheio de cor, de luz, de paz. Invejo cada pessoa que acorda em um quarto iluminado, as janelas dos outros viraram meus olhos pro mundo. Estou deitada no meu quintal imaginário, uma piscina de raios solares, para lá dentro me afogar, inundada em alegria.
Casas. Casas por todos os lados.
Este texto não tem utilidade nenhuma. Pensei em parar de escrever até que encontrei esta newsletter (se eu fosse você instalaria o App do Substack - para Android e iOS - para ler outras coisas legais e principalmente as notas, que estão sendo uma parte muito legal de estar aqui).
Nem tudo tem que ter utilidade. Queria escrever sobre minha obsessão com casas, minha vontade de morar num lugar com todo o sol do mundo, e é isso. Sem propósito, sem lição de moral, sem finalidade. Talvez pudesse elaborar mais este sentimento mas ando com muita dificuldade de elaborar coisas e esses textos meio sem rumo é tudo que tem conseguido vir à tona.
Por outro lado, tenho pensado muito em formas de encontrar um trabalho que não me destrua por dentro. Escrever é algo que faço desde sempre e já ouvi muito “por que você não ganha dinheiro com isso?”. A resposta é que as maneiras de ganhar dinheiro escrevendo destroem minha paixão por escrever.
Estou pensando em alguma forma de assinatura paga, mas a real é que tenho tido pouco tempo e pouca disposição para imaginar um conteúdo digno ou alguma recompensa para quem quisesse assinar (será que alguém quer? Rs).
Pensei em recompensas do tipo sortear algum quadro com minhas colagens (modéstia à parte acho que estou fazendo um trabalho bem legal), ou livros que comente aqui na newsletter que andei lendo. O que acham? Adoraria receber um comentário ou sugestão sobre isso.
Enquanto não defino um formato, pensei que se você gosta do que escrevo, pode me apoiar com uma contribuição voluntária por pix: omundocaoticodelilian@gmail.com
Se você acha que vale a pena, pode me pagar um café, um livro, de maneira espontânea e serei eternamente grata pelo mecenato. (É claro que esta newsletter assinada por quinze pessoas vai ser gratuita pra sempre. Só acho que a vida é muito curta pra ficar com vergonha de testar alternativas).
Não prometo nada, mas tenho pensado em mandar mais edições desta newsletter, como se fossem posts de um blog, nada muito comprido pra não cansar, mas comentando minhas leituras, sei lá. Talvez seja a vontade de voltar a escrever aparecendo.
Tenho pensado também em alimentar mais meu perfil no Substack com notas aleatórias, pequenos posts parecidos com os blogs de antigamente. E o que é melhor: aqui ainda não tem algoritmo. Você vê o que você assina. Na ordem cronológica. Que delícia. 🤌
Também dá pra comentar e tem saído muitas conversas legais. As pessoas estão bem cansadas dessa maluquice que as redes sociais viraram. Tudo o que a gente precisa é um espaço pra poder conversar de novo.
Espero ver você na próxima conversa por aqui.
Até a próxima!
Tô aqui tirando os atrasos de todas as news que não li e cheguei nessa. É engraçado que compartilho do mesmo sentimento, apesar das diferenças kkkk
Aqui em casa tem muito sol. É sol entrando pela janela do quarto quando acordo, sol entrando pela porta da varanda a tarde inteira. Nessa época do ano é ótimo, rende excelentes fotos de golden hour, mas no verão do rio de janeiro........é o próprio braseiro do inferno. E a casa é meio feinha, tadinha. Um puxadinho da casa da minha tia. Fico vendo esses banheiros em porcelanato, as pias grandes e com armário embaixo, os pisos de tacos, as samambaias penduradas....meio que tenho um portfólio mental das casas que eu gostaria de morar. E também fico olhando pra elas na rua, feito uma olheira HAHAHAHAHAHAH
Mas sei lá, acho que em algum momento chega pra nós. Vamos torcer pro destino colaborar