Tive um ano terrível. Agora que acabou sinto que não quero falar sobre isso, mas quero deixar registrado que toda a coleção de perrengues me deixou abatida a ponto de não conseguir desejar Feliz Ano Novo para absolutamente ninguém. Qual o sentido de desejar que tudo se renove quando, no fundo, sei que continuará tudo igual?
Tem sido assim a vida inteira, por mais que a cada virada de calendário eu crie esperanças vagas e fantasiosas de que alguma mudança surpreendente e positiva possa mudar minha vida.
Este ano foi diferente: entrei com zero expectativas. Nenhuma esperança. Nenhuma fantasia de mudança.
Chega a ser contraditório, porque ao mesmo tempo começaram a brotar ideias na minha cabeça. Várias delas. Decidi que não iria mais adiar a execução delas e senti uma determinação absurda de ir em frente.
Mas não tenho esperança. Tem um grande potencial pra dar errado, eu ficar sozinha com as minhas ideias e frustrada mais uma vez por não conseguir dar a virada que tanto preciso. Eu PRECISO mudar de vida, assim com letras garrafais, um banner pago na Times Square que muito provavelmente ninguém vai olhar.
Preciso do extraordinário na minha vida. Preciso crer que vai acontecer, não é possível que não, que seja só isso, que eu não consiga sair do lugar.
No final do mês passado, vi esta arte aqui e soube imediatamente que precisava olhar pra ela todos os dias da minha vida. Tratei de comprar a versão digital, imprimir, comprar uma moldura barata numa loja de quinquilharias, pendurar na parede da sala, onde estou quase o tempo inteiro, olhando pra essa frase, o fundo vermelho contra as letras vacilantes em branco:
Fiz um vídeo do momento em que emoldurei essa arte, sem saber que quase ao mesmo tempo a autora viralizava com outra obra. Ela ganhou milhares de seguidores e eu ganhei milhares de views nesse vídeo que ela divulgou (fiz questão de enviar o vídeo para ela - apoie seu artista local!).
Agora a arte enfeita minha parede, quase como um grito diário, pra eu não esquecer.
Preciso do extraordinário na minha vida. Uma grande coisa boa, uma sucessão de coisas menores e igualmente boas, preciso de um milagre mesmo.
Algo bom. De deixar ser fôlego. De brilhar os olhos. De encher de energia e de vontade e de vida cada veiazinha do meu corpo.
Preciso de um agora vai que vá mesmo, que me leve para frente, que nem aquela onda que nos ergue pelo traseiro no mar e nos leva para a frente, rumo à praia, ao chão seguro.
Venha, venha. Estou rezando, não importa a divindade de escute. Nada de “porque eu?”, mas sim “por que não eu?
Tenho três grandes projetos, como eu disse. A próxima carta será contando tudo sobre eles.
Vou precisar da ajuda de vocês. Não me ignorem. (Sim, estou sendo dramática).
Sigo ainda sem conseguir desejar ano novo, mas deixo aqui meu desejo de que as coisas boas inundem sua vida e que a paixão pela vida preencha seu coração. Precisamos de para quedas coloridos, como disse Ailton Krenak, para ajudar a adiar o fim do mundo. Se tudo é fim, que ao menos a queda seja colorida e com uma vista bonita.
Até a próxima!