Tive uma ideia de fim de ano meio doida - a de passar um ano inteirinho sem comprar livro nenhum - e tinha imaginado que o primeiro post, em um perfil do Instagram dedicado exclusivamente a isso, seria com o último livro comprado no ano e esse livro seria Flecha, da Matilde Campilho. O preço do livro me desanimou, pensei que de toda forma já há livros demais nesta casa e desisti. De fazer esse primeiro post, não do projeto, que fique bem claro. Estou cansada de gastar dinheiro dessa forma (a exaustão correndo em todas as pequenas veias do meu corpo), e tenho desistido de comprar essas minúsculas bobagens.
Foi um movimento espontâneo mesmo essa desistência de comprar pequenas besteiras pra me agradar, e faz um tempo já que isso anda me acontecendo. Sou viciada em comprar canetas e coisas de papelaria que acabo não usando, e isso de não usar é o que tem me irritado, porque vivo como se adiasse sempre a minha própria vida, mas até onde vai esse adiamento?
O ano que começa daqui a uma semana será uma continuidade do que passou, por isso é que não vou começar nada novo, diário, caderno, agenda, lista de livros que gostaria de ter, nada disso. Vou economizar e virar a página e começar a escrever de novo, até acabarem todas as páginas e todas as canetas e todos os livros.
A exceção foi o meu aniversário (depois de tanta bad), em que fui na papelaria fofa e comprei algumas coisinhas que com certeza eu não precisava mas queria dar algo de físico de presente pra mim mesma, então o fiz.
Essa deve ser a última compra de papelaria em bastante tempo também, eu espero.
Também não quis começar agenda nenhuma este ano - um golpe que sempre caio e acabo abandonando antes do meio do ano. Devo confessar que cometi uma exceção a essa regra com aqueles planners de brochura mais baratinhos, porque estou com uns projetos aí que preciso parar de adiar e que vão exigir que eu ponha no papel e fique olhando toda hora pra não esquecer. Quero contar pra vocês sobre isso em breve, em outra carta. Porém, nada de agenda cara ou planner diferentão de centenas de reais. Chega, né. A vida, ou pelo menos a minha vida, é muito menor do que cabe numa agenda. Queria que fosse maior do que qualquer agenda, mas enfim.
Estou com planos doidos de estudar coisas nestas pequenas férias que me dei (é tudo parte desses projetos igualmente doidos que ainda estão meio difusos para serem compartilhados), e pra mim estudar sempre é uma ideia doida porque acabo procrastinando e escolhendo não fazer nada. Há que se ter, no entanto, um pouco de esperança de que vá ser diferente, apesar da minha exaustão ter justamente a ver com essa sensação de que as coisas vão continuar do jeito como estão e de que é inútil resistir.
Talvez não tenha nenhuma ideia realmente doida nesta lista, porque as coisas realmente doidas que gostaria de fazer envolvem um dinheiro ou talvez uma coragem mesmo que talvez não tenha. Creio que doido, pra mim, já vai ser romper um padrão de comportamento que não está me fazendo bem e… talvez isso já seja doido o suficiente.
E você, querida pessoa que me lê, tem algum plano? Doido ou não doido?
Esta edição da newsletter vai sem conteúdo extra, sem enxurrada de imagens, apenas texto, apenas paz. Feliz Natal a todos!
"Vou economizar e virar a página e começar a escrever de novo, até acabarem todas as páginas e todas as canetas e todos os livros". Adorei isso aqui.
Meu plano é ser eu mesma, apesar de.
Obrigada pelo texto!